Caras federadas e federados,
O encontro realizado em Rio do
Sul, em março de 2016, tornou evidente uma necessidade de reestruturação interna
da FECATE. Muito além das deliberações necessárias, dos relatos dos
conselheiros nas instâncias de representação do poder público e uma difícil
eleição, o encontro expôs o esvaziamento da participação dos teatreiros e
teatreiras de Santa Catarina na construção de um movimento coletivo que nos
una. Expôs o cansaço e a fragilidade em que se encontram as pessoas que se envolvem
e acreditam que a federação seja importante tanto pela sua história, quanto
pela continuidade de uma articulação real entre as pessoas do Estado.
Estamos falando de uma pergunta
afetiva: qual o sentido da coletividade dos grupos, artistas e técnicos e
técnicas de Santa Catarina? Para onde caminhamos quando atingimos um esgotamento
no contato com as instituições e o poder público? Em um momento político e
econômico delicado, em que o país se encontra imerso em uma crise ética que vem
promovendo a olhos vistos um desmonte de inúmeras estruturas públicas que
possam construir igualdade social e cidadania, o encontro de Rio do Sul evidencia
uma ambiguidade presente em cada pessoa que esteve aqui: o reconhecimento que
deve existir e persistir uma instância coletiva que nos una como parte
fundamental para nossa sobrevivência, mas o igual reconhecimento das limitações
e das dificuldades de cada um em suas cidades de origem em manter seus próprios
trabalhos e vidas na correria do dia a dia.
Reavaliar as estruturas significa
começar um processo de reconhecimento interno da FECATE. Refazer perguntas
básicas que não são feitas há muito tempo: quem somos? Quais são as pessoas que
constituem o coletivo FECATE neste Estado? Quem são as pessoas que desejam
estar e trabalhar para que essa coletividade crie sentido e força? Quais seriam
novas formas de organização para esse coletivo tão diverso?
A decisão tomada em assembleia
caminha para uma diminuição de atividades em prol de ganhar qualidade nas
ações. Nesse sentido, encontram-se suspensas muitas das atividades contínuas da
federação como, por exemplo, o festival bienal que a FECATE vem promovendo há
dezoito edições. O momento é de reavaliação e planejamento, é uma hora de
reorganização dos desejos e sonhos do coletivo de artistas, produtores e
produtoras culturais frente ao momento social, político e econômico que vivemos
em nosso país.
Esta é uma chamada a todas e
todos para fazerem uma reavaliação sobre sua participação nesse coletivo. Nos
próximos meses será feito um recadastramento de federadas e federados. Serão
adotados procedimentos para que se faça um mapeamento de quem somos e, a partir
destas informações, construiremos coletivamente um pensamento dos rumos que
queremos tomar nos próximos anos. A tônica deste procedimento é perceber quem
fica e quem vai em um processo que não é somente a manutenção burocrática de
uma federação: é quem se propõe a trabalhar em um processo de luta pela
potencialização da coletividade como força em nosso Estado.
A FECATE é feita de pessoas,
companhias e coletivos teatrais. A proposta que surge aqui é uma renovação dos
modos de ação e das bases conceituais que norteiam a federação. O convite se
estende a todos que desejam participar deste processo. A lógica da nova
coordenação dos trabalhos passará pelo processo de empoderamento dos
participantes em suas ações e a construção de uma administração horizontalizada,
para que o núcleo da FECATE se torne um espaço de efetiva troca, discussão e
fortalecimento humano dos envolvidos e das envolvidas. Um espaço de resistência
e existência. Um espaço constituído e habitado por pessoas e não apenas por papéis,
instituições, leis e verbas. A luta e a resistência política continuam, como
sempre existiram. Mas surge o desejo de ir além disso, para que o movimento continue
promovendo o contato humano e artístico entre nós, em outras formas que
dialogarão com os anseios atuais.
Aguarde novas notícias nas
próximas semanas, com as instruções de como esse processo será feito. Também
leia as atas e documentos gerados no ConFECATE, para se informar sobre as
pessoas que formarão esta nova gestão e os acontecimentos mais detalhados do
encontro.
Atenciosamente,
FECATE
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A nova diretoria da Fecate ficou assim composta:
PRESIDÊNCIA - Lariessa Soligo Da Campo - Carretel Cia. Teatral (SC)
VICE PRESIDÊNCIA – Barbara Biscaro, artista de Florianópolis (SC)SECRETARIA – Vânia Peruzzo - Grupo Teatral Piliquinha, de Concórdia (SC)
TESOURARIA – Leandro Magalhães - Sua Cia. de Teatro, Itajaí (SC)
PROJETOS – Fred Paiva - Colher de Pau Cia. Teatro, de Jaraguá do Sul (SC)
COMUNICAÇÃO – Emanuele Mattiello - EM Produções, de Florianópolis (SC)
CONSELHO CONSULTIVO
Cássio Correia, de Joinville (SC)
Gláucia Grígolo, de Florianópolis (SC)
Qiah Salla, de Rio do Sul (SC)
Silvestre Ferreira, de Joinville (SC)
Valéria de Oliveira, de Itajaí (SC)
CONSELHO FISCAL
Marcelo de Mello, de Joinville (SC)
Deise Corrêa, de Rio Negrinho (SC)
Rodolfo Lemos, de Itajaí (SC)